O Segredo para um Timbre Incrível de Gaita? Medidores de Madeira e Umidade
“Esses microfones são uma obra de arte... e, cara, a madeira faz o timbre simplesmente fluir... quente como o Rio Sunflower em Clarksdale, Mississippi, em julho. E o acabamento em piano é tão suave que você consegue se ver nele.” – Deak Harp, músico de gaita de blues
São microfones confortáveis de segurar, fáceis de usar e incrivelmente leves, feitos de uma ou mais madeiras exóticas e polidos à mão ou laqueados para um alto brilho. Para os muitos músicos de blues que se apresentam com uma dessas belezas personalizadas com um som enorme e acolhedor, eles são ouro puro.
O homem que os fabrica é Greg Heumann, talvez o único no mundo a fazê-lo. Embora alguns outros tenham tentado fabricar microfones de madeira, nunca chegaram muito longe.
“Acho que muitas pessoas subestimam a quantidade de trabalho envolvido, não apenas na fabricação dos microfones, mas em todos os outros aspectos da administração desse tipo de negócio”, diz ele.
Depois de ter criado mais de 400 microfones de madeira, Heumann diz ter certeza de que ninguém mais fez mais deles do que ele.
Heumann trabalha em uma garagem convertida em uma combinação de oficina mecânica, marcenaria e laboratório de eletrônica. Lá, ele usa sua habilidade como torneiro e seu amor pela música para criar à mão belos microfones de madeira exclusivos para os maiores nomes do mundo da música.
Seus clientes incluem os vencedores do Grammy Charlie Musselwhite e Mark Hummel, assim como Rod Piazza, Rick Estrin, Kim Wilson, o artista de jazz Toots Thielemans (talvez o tocador de gaita mais famoso do mundo), Steven Tyler do Aerosmith e o tocador de gaita de Willie Nelson há mais de 37 anos, Mickey Raphael.
“Meus produtos são usados por profissionais e amadores no mundo todo”, diz Heumann.
É um trabalho de amor que ele faz desde 2004. Foi nesse ano que ele começou a fabricar microfones de madeira por meio de sua empresa, a BlowsMeAway Productions.
Heumann trabalhou anteriormente no Vale do Silício como profissional de marketing técnico para a Unwired Planet, a empresa que permitia que dispositivos móveis se conectassem à internet. Após sacar o dinheiro, ele se mudou para a pequena cidade de Geyserville, localizada a cerca de uma hora e meia ao norte da Ponte Golden Gate, na pitoresca região vinícola da Califórnia.
Para Heumann, a mudança para Geyserville foi um sonho que se tornou realidade.
Quatro anos antes, ele havia comprado uma propriedade ali com vista para esta pitoresca cidade de 1,600 habitantes e para a paisagem rural ao redor. Originalmente usada para escapadas de fim de semana, ele conta que sempre sonhou em um dia morar lá.
Quando esse sonho finalmente se tornou realidade, ele transformou suas experiências de infância em um negócio lucrativo.
Quando menino, Heumann adorava ver o pai usar um torno e uma fresadora de metal. Embora mais tarde tenha percebido que não aprendeu muito sobre o uso de um torno naquela época, ele aprendeu sozinho a habilidade quando iniciou seu negócio de fabricação de produtos de controle de volume em metal.
A música também foi outra faceta de sua infância. Ele começou a tocar oboé na segunda série e tocou durante a faculdade. Mas, aos 40 anos, pegou a gaita e percebeu: "Eu deveria ter tocado blues o tempo todo. É a música que me move."
Para levar sua gaita de boca a um novo patamar, Heumann fez a Master Class de Gaita com o renomado professor de gaita de blues Dave Barrett, na School of The Blues em Morgan Hill, Califórnia. Logo depois, começou a tocar em uma banda de blues moderno de cinco integrantes chamada Bluestate.
Ele se lembra de usar um microfone antigo dos anos 1950 em suas primeiras apresentações. Feito de metal, "era pesado e desajeitado, difícil de usar com minhas mãos pequenas", comentou.
Foi quando ele decidiu construir um novo tipo de microfone, mais adequado às suas necessidades do que os microfones industriais da época.
Como já era habilidoso com o torno de metal, decidiu construir um microfone de madeira. Com a ajuda do pai, os microfones de madeira que ele criou eram consideravelmente mais leves, mais confortáveis de segurar e produziam um timbre mais rico e quente do que os microfones de metal tradicionais – qualidades valiosas para músicos.
Satisfeito com o desempenho do seu novo microfone, Heumann começou a pedir a outros que o experimentassem. O primeiro profissional que ele abordou foi ninguém menos que a lenda do blues e seis vezes vencedor do Grammy, Charles Musselwhite, que também morava em Geyserville. Musselwhite experimentou e adorou.
“Charlie agora tem três dos meus microfones e os usa regularmente em turnês”, diz Heumann.
Logo depois, ele passou a fabricar microfones personalizados para artistas profissionais e amadores do mundo todo. Todos elogiam seus microfones de madeira personalizados.
O cantor de blues Mitch Kashmar diz que seu microfone é "tão leve que quase se dissolve na sua mão".
O veterano do blues Rod Piazza murmura: "Não só é lindo na aparência, mas a sensação e o timbre do microfone são tão dinâmicos e impactantes quanto você gostaria."
E Mickey Raphael, o tocador de gaita de Willie Nelson, declara: "Este microfone me impressiona".
Seleção de madeira
Os microfones de Heumann são feitos de uma variedade de espécies de madeira belas e, em muitos casos, deslumbrantes. Ele prefere especialmente o cocobolo, uma madeira nobre da América Central que se apresenta em um caleidoscópio de cores diferentes, e o bordo burl, apreciado por artesãos por seus padrões de anéis espiralados.
Ele também usa muitas outras madeiras exóticas, como ébano do Gabão, ébano preto e branco, jacarandá da Índia Oriental, jacarandá birmanês, jacarandá de Yucatán, jacarandá da Malásia, pau-rosa, pau-zebra, pau-marmoreado, nogueira-burl, bordo crespo, pau-de-canário, pau-rosa, tamarindo-branco, pau-amarelo, pau-roxo e wengué, entre outras.
Ele compra a maior parte dessas madeiras na loja de artesanato local, onde faz compras a cada duas semanas. Para as madeiras que ele usa muito, como cocobolo e bordos burl, Heumann tem outras fontes que prefere.
Ocasionalmente, um cliente envia a Heumann uma madeira com valor sentimental. Um cliente, por exemplo, pediu que ele fizesse dois microfones de nogueira que recuperou da casa da avó durante uma reforma. Ele queria que cada um dos filhos tivesse um.
Outro cliente mandou fazer seu microfone de burl madrone – uma madeira que ele guardou por 40 anos. Outro ainda mandou fazer a madeira e o design do microfone combinarem com sua prancha de surfe havaiana vintage favorita.
Como cada madeira é diferente, cada uma tem suas peculiaridades e desafios. O bordo Burl, por exemplo, tende a não se transformar em uma superfície agradável e pode rasgar. No entanto, como Heumann trabalhou tanto com ela, ele desenvolveu técnicas especiais para lidar com ela e outras madeiras problemáticas.
Uma madeira que ele gosta de evitar é o linnum vitae. Quando um cliente quis que ele fizesse seu microfone com essa madeira, ele disse que teve muita dificuldade para conseguir o acabamento.
“Embora eu esteja acostumado a trabalhar com madeiras como o cocobolo, que as pessoas dizem ser difíceis de finalizar, não tenho problemas com ele. O lignum vitae foi impossível. Eu uso um selador à base de goma-laca, que é o selador mais tolerante que existe. Mas, nessa madeira, ele borbulhava e/ou não endurecia quando seco. Depois, tive dificuldade para aplicar a laca por cima, o que também é incomum”, confessa.
Embora Heumann finalmente tenha concluído o trabalho depois de muito trabalho e suor, ele diz que a solução fácil na próxima vez é: "Não faça isso!"
Evitando problemas de umidade
Cada pedaço de madeira ou pedaço de madeira que um torneiro adquire perde ou absorve umidade do ar até atingir um estado de equilíbrio com o ambiente. Comprar madeira de um depósito de madeira ou loja de madeira não significa que ela tenha atingido esse estado e esteja suficientemente seca.
Na verdade, madeira com muita umidade pode arruinar um projeto. Nos piores casos, a madeira pode deformar e rachar. Heumann sabe disso por experiência própria e presta muita atenção ao teor de umidade da madeira que utiliza.
“Aprendi da maneira mais difícil – cometendo erros”, diz ele.
“Quando comecei a fazer microfones de madeira, não me preocupei com o teor de umidade. Mas já vi madeiras mudarem de tamanho e se deformarem em até 0.50 cm em um diâmetro de 2.5 cm – e isso é mais do que suficiente para me causar problemas. Depois de alguns percalços, decidi que era melhor começar a prestar atenção!”, acrescenta.
Heumann então pesquisou medidores de umidade na internet. Ele concluiu que um medidor sem pino era melhor para suas necessidades do que um com pino. Além disso, não deixava furos desagradáveis na madeira.
Um medidor de pinos só mostra o que está acontecendo na superfície. Normalmente, uso um pedaço de madeira fresada, chamado de rolo de massa, que mede 3 cm x 3 cm x 12 cm. Com um pedaço de madeira tão grosso, a leitura fornecida pelo medidor de pinos não faz sentido.
“Minha pesquisa me levou à Wagner Meters. Agora uso um Wagner MMC220. Ele não só mede a umidade da madeira em todas as espécies, incluindo as raras espécies tropicais que uso, como também me diz exatamente o que preciso saber. Valeu cada centavo que gastei, economizando tempo e melhorando a qualidade do produto”, afirma.
Embora Heumann adorasse trabalhar com madeira com apenas 6% a 8% de umidade, ele diz que não tem esse luxo.
"Descobri que, se usar madeira com 14% ou menos de umidade, não tenho problemas futuros com a contração pós-torneamento. Muitas madeiras na Woodcraft vêm com 20-25% quando as compro.
“E as folhas do rolo de massa são enceradas por toda parte para retardar o processo natural de secagem. Isso é essencial com madeiras nobres quando são tão grossas. Caso contrário, elas secam por fora e racham, enquanto o interior permanece úmido. Mesmo com a cera, se passarem um ou dois anos na minha oficina, podem chegar a 8-10%. Mas, repito, nem sempre tenho esse luxo. O mais importante é simplesmente saber com o que estou trabalhando para poder tomar as medidas adequadas”, diz ele.

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Obtendo o teor de umidade correto
Heumann conhece as consequências de não ter o nível de umidade correto. Ele afirma que há duas áreas críticas:
Uma delas é o encaixe da grelha de alumínio na estrutura de madeira. A grelha é feita poucos dias após a torneamento da estrutura, e ele a dimensiona para um encaixe por pressão bem apertado. Inevitavelmente, porém, a madeira encolherá após a entrega e o encaixe ficará mais frouxo.
“Um pouco é bom, mas muito não”, diz ele.
Ele se lembra da vez em que um microfone voltou para ele com a grade medindo cerca de 050" maior que a concha. Não parecia bom e não era agradável ao toque, pois havia uma saliência visível na interseção – bem onde um gaitista segura o microfone. Isso lhe ensinou uma boa lição sobre como controlar o teor de umidade.
Parte de tocar uma gaita de blues amplificada estilo Chicago envolve uma técnica chamada "cupping" (apertar o microfone) – que permite uma vedação relativamente hermética entre o microfone, as mãos e a gaita. Isso tem um efeito enorme no timbre do músico.
“Para chegar lá, apertamos o microfone com bastante força nas mãos, então qualquer impacto ou saliência pode causar desconforto. Enquanto a madeira estiver seca, a grelha e o casco permanecerão exatamente do mesmo tamanho. Caso contrário, pode ser um problema”, afirma.
A outra área crítica está nos microfones com a opção Stealth Volume Control.
O grau de precisão exigido nesses microfones significa manter vários passos de usinagem com precisão de um milésimo de polegada, aproximadamente. A folga entre o botão e a parte traseira do corpo é de apenas 01” – e se não estiver perfeitamente centralizado e no eixo, ele irá raspar no corpo ou parecer balançar ao ser girado.
“Na verdade, eu faço uma bucha de metal para pressionar o botão de madeira e ajudar a manter esse alinhamento. Também preciso garantir que a parte interna traseira da caixa esteja perfeitamente plana para que o potenciômetro de volume permaneça perfeitamente perpendicular quando montado. Se a madeira encolher ou deformar, mesmo que só um pouquinho, a aparência ou o toque podem não ser tão bons”, diz ele.
Lidando com defeitos de madeira
Depois que um pedaço de madeira estiver devidamente seco e torneado, ele ficará bem redondo e permanecerá assim. Por isso, Heumann diz que não precisa lidar com alguns dos defeitos comuns da madeira – como arqueamento ou ondulação.
Mas quanto às variações de cores, nós, buracos de insetos, ele os adora.
"É isso que torna cada microfone único. Contanto que não haja ameaça à resistência estrutural do microfone, posso deixá-lo como está", diz ele.
Mas em alguns casos, com o bordo burl ou às vezes com o bordo vermelho, pode haver um buraco ou nó grande o suficiente para que ele o preencha com algum tipo de material de incrustação. Ele preenche defeitos menores com cola transparente (cianoacrilato) antes do acabamento, para que o defeito ainda fique visível. Isso evita que o defeito seja sentido e impede a entrada de ar ou umidade na madeira.
Heumann afirma que, como essas peças são relativamente pequenas (cerca de 2.3 cm de diâmetro e 2.5 cm de comprimento), ele sempre procura madeira com a maior irregularidade possível. Em outras palavras, ele prefere madeiras com muito contraste de cores nos veios (como no cocobolo) ou padrões de veios incomuns (ou nenhum), como no bordo burl.
“Eu observo a madeira especificamente para esses detalhes antes de torneá-la e tento orientá-la para destacar essas características o máximo possível. Qualquer pessoa que já tenha torneado madeira dirá que uma peça redonda de madeira terá pelo menos uma parte de sua circunferência mais interessante e outro lado menos interessante. Como esses microfones têm uma parte superior e uma inferior, tento orientá-los de forma que a parte chata fique na parte inferior”, afirma.
400 microfones e ainda melhorando
Heumann já criou mais de 400 microfones e o número continua crescendo. No entanto, mesmo depois de tantos microfones, ele diz que ainda está descobrindo maneiras de torná-los melhores, mais rápidos e mais bonitos.
Por exemplo, ele agora faz seu microfone básico — envolvendo a criação da estrutura e da grade, a instalação de um conector e elemento de microfone, e um acabamento feito à mão com goma-laca e cera — em aproximadamente três horas, ou cerca de um quarto do tempo que levava quando ele começou.
É claro que os microfones equipados com várias opções — como o controle de volume invisível (onde a parte traseira do microfone se torna o botão de volume), incrustações chamativas como pó de alumínio ou grânulos vermelhos, dourados, azuis e turquesa, e designs de grade personalizados gravados com as iniciais do artista — levam várias horas para serem concluídos.
Além disso, os microfones finalizados com seus acabamentos de ponta, que ele chama, respectivamente, de acabamentos "violino" e "piano", levam algumas semanas. Esses acabamentos envolvem várias camadas de um selador à base de goma-laca, seguidas de até 10 camadas de verniz incolor.
Praticamente todos os microfones da Heumann são feitos sob encomenda. Aliás, ele oferece uma seção "crie seu próprio microfone" em seu site, que lista as diversas opções e preços. Os clientes também podem ver fotos de suas criações para ver os tipos de madeira e os designs das grades.
O preço inicial de um microfone de madeira básico é de US$ 279. Grande parte desse custo se deve ao elemento interno que converte o som em sinal elétrico. A Heumann coleta e recicla elementos vintage de microfones antigos porque eles soam melhor do que os modernos.
O microfone médio custa cerca de US$ 450, enquanto um com muitas opções e um raro elemento vintage "crème de la crème" custa perto de US$ 900.
Heumann testa cada microfone quanto ao som, confiabilidade e qualidade geral antes de apresentá-lo ao cliente.
“Percebi recentemente que isso significa que provavelmente toquei com mais microfones de gaita do que qualquer outra pessoa no mundo!”, diz ele.
Os microfones da Heumann têm garantia de um ano e, caso surja algum problema depois disso, ele está mais do que disposto a satisfazer seus clientes.
O interesse nunca diminui
Heumann confessa que nunca se cansa de fazer esses microfones com qualidade de herança e se esforça para fazer o próximo melhor que o anterior.
Cada um deles também lhe traz imensa satisfação pessoal, tanto na criação quanto em ver a alegria que proporcionam aos seus clientes.
E embora ele tenha feito centenas de microfones, ele relata alegremente que seu interesse nunca diminui.
Adoro as surpresas que cada pedaço de madeira me traz. Cada pedaço de madeira é diferente e guarda uma ou duas surpresas. E gosto de ver coisas neles que podem ou não estar lá.

Tony Morgan é técnico sênior da Wagner Meters, onde atua em uma equipe de testes e desenvolvimento de produtos, além de atendimento ao cliente e treinamento para produtos de medição de umidade. Além de 19 anos de experiência em campo em diversas empresas de eletrônicos, Tony possui bacharelado em Administração e mestrado em Tecnologia Eletrônica.
Última atualização em 28 de janeiro de 2025
Uau. Por algum motivo, nunca vi este artigo quando foi publicado. Obrigado, Tony, por um artigo bem escrito e preciso. Tendo passado por isso algumas vezes, posso dizer que muitas vezes não é o caso! Mas você ouviu com atenção e fez um ótimo trabalho contando a minha história. Hoje, em 2020, vendi cerca de 800 microfones de madeira (e milhares de microfones no total, já que os microfones de madeira são uma das quatro linhas de microfones que fabrico na minha garagem).
Saúde!
Greg Heumann